Técnicas de memorização que funcionam de verdade para concursos

Se você estuda para concursos há algum tempo, já deve ter passado pela frustração de “esquecer tudo o que estudou”. E essa sensação é mais comum do que parece. A boa notícia é que existem técnicas de memorização cientificamente comprovadas que podem te ajudar a fixar o conteúdo de forma mais eficiente.

A memorização não é um talento reservado para poucas pessoas. Ela pode ser treinada, desenvolvida e aprimorada com o tempo — desde que feita com método. Neste artigo, você vai conhecer as melhores técnicas de memorização para concursos, aprender como aplicá-las no seu dia a dia e entender por que elas realmente funcionam.

Por que apenas “ler e grifar” não basta?

Grande parte dos concurseiros acredita que estudar é apenas ler um material ou assistir a uma videoaula e grifar os pontos principais. Mas essa abordagem passiva resulta em baixa retenção.

De acordo com a pirâmide de aprendizagem de William Glasser, aprendemos:

  • 10% do que lemos
  • 20% do que ouvimos
  • 30% do que vemos
  • 50% do que vemos e ouvimos
  • 70% do que discutimos com outros
  • 80% do que experimentamos
  • 95% do que ensinamos

Ou seja, quanto mais ativo você for no processo, maior será sua memorização. As técnicas que você verá a seguir seguem essa lógica.

Técnica 1: Revisão espaçada

A revisão espaçada é uma das estratégias mais eficientes para memorização a longo prazo. Ela se baseia no conceito da curva do esquecimento, proposta por Hermann Ebbinghaus. Segundo ele, esquecemos cerca de 70% do que aprendemos em até 24 horas se não revisarmos o conteúdo.

A técnica consiste em revisar o mesmo conteúdo várias vezes, em intervalos progressivamente maiores. Por exemplo:

  • 1ª revisão: no dia seguinte à primeira leitura
  • 2ª revisão: 7 dias depois
  • 3ª revisão: 30 dias depois
  • 4ª revisão: 60 dias depois (opcional)

Como aplicar:

  • Marque no seu plano de estudos os dias de revisão de cada matéria
  • Use resumos, mapas mentais ou flashcards na hora de revisar
  • Reserve blocos específicos da semana só para revisão

Essa técnica funciona muito bem para concursos com grande volume de conteúdo.

Técnica 2: Teste prático (recall ativo)

O recall ativo, também chamado de “prática de recuperação”, é simplesmente o ato de tentar lembrar do conteúdo sem olhar o material.

Você pode fazer isso ao:

  • Responder perguntas dissertativas sobre o que estudou
  • Explicar o conteúdo com suas próprias palavras, como se estivesse ensinando alguém
  • Resolver questões de concurso sobre aquele tema
  • Criar cartões de perguntas e responder de memória

Essa técnica estimula seu cérebro a recuperar a informação, fortalecendo a conexão neuronal. Ou seja: você aprende mais ao testar sua memória do que ao reler o conteúdo.

Técnica 3: Mapas mentais

Mapas mentais são representações visuais de informações, organizadas de forma hierárquica e associativa. Eles ajudam o cérebro a entender e lembrar do conteúdo com mais facilidade.

Como fazer um mapa mental:

  • Comece pelo tema principal no centro da folha
  • A partir dele, ramifique os tópicos secundários
  • Use palavras-chave, cores diferentes e desenhos simples
  • Evite longos textos — foque em conexões e conceitos

Os mapas mentais são ideais para revisar leis, estruturas de conteúdo, resumos de aulas e esquemas de matérias.

Técnica 4: Técnica Feynman

Criada pelo físico Richard Feynman, essa técnica consiste em ensinar o conteúdo como se fosse para uma criança. O objetivo é simplificar ao máximo o conteúdo, forçando o cérebro a realmente entender.

Como aplicar:

  1. Escolha um tema que você acabou de estudar
  2. Pegue uma folha em branco e escreva tudo que conseguir explicar com suas palavras
  3. Use analogias simples e linguagem acessível
  4. Ao travar ou usar “palavras difíceis”, revise e escreva de novo de forma mais clara

Ensinar é uma das formas mais poderosas de aprender. Essa técnica ajuda a identificar lacunas no conhecimento e fortalecer o entendimento.

Técnica 5: Flashcards

Flashcards são cartões com perguntas de um lado e respostas do outro. São ideais para memorização de fórmulas, leis, datas, artigos da Constituição, conceitos específicos etc.

Você pode:

  • Fazer os cartões à mão, com fichas ou cartolinas
  • Usar aplicativos como Anki, Quizlet ou Cram

O Anki, por exemplo, aplica o sistema de repetição espaçada automaticamente, mostrando os cartões de forma inteligente conforme seu nível de acerto.

Técnica 6: Técnica dos loci (palácio da memória)

Essa técnica é antiga e muito usada por campeões de memorização. Consiste em associar conteúdos a lugares familiares, como cômodos da sua casa, ruas da cidade, ambientes da escola etc.

Como funciona:

  1. Imagine um local que você conhece bem (sua casa, por exemplo)
  2. Associe cada ponto desse lugar a uma informação a ser memorizada
  3. Crie imagens mentais fortes, engraçadas ou absurdas para fixar melhor
  4. Quando quiser lembrar, “caminhe” mentalmente por esse lugar

Essa técnica é útil para memorizar listas, sequências, artigos de lei, etapas de processos, entre outros.

Técnica 7: Mnemônicos

Mnemônicos são frases, siglas ou rimas criadas para facilitar a memorização de listas e sequências. Essa técnica é muito usada por estudantes de Direito, Medicina e concursos em geral.

Exemplo clássico:

Para lembrar os princípios da Administração Pública: LIMPE
Legalidade
Impessoalidade
Moralidade
Publicidade
Eficiência

Você pode criar mnemônicos próprios para:

  • Regras gramaticais
  • Hierarquia das leis
  • Etapas de um processo judicial
  • Procedimentos administrativos

Se for algo engraçado ou absurdo, melhor ainda: o cérebro adora o inusitado.

Técnica 8: Repetição ativa com cronograma

Essa técnica combina leitura ativa com repetição em voz alta. Você lê um trecho, fecha o material e tenta repetir com suas palavras. Depois, volta ao texto e compara. A seguir, repete o processo.

Esse método:

  • Estimula o raciocínio
  • Reforça a memória auditiva
  • Identifica falhas na compreensão

Funciona bem para fixar conteúdos técnicos e jurídicos que exigem precisão.

Como escolher as melhores técnicas?

Cada pessoa tem um estilo de aprendizagem predominante:

  • Visual: aprende melhor com imagens, esquemas, mapas
  • Auditivo: prefere ouvir aulas, explicar em voz alta
  • Cinestésico: aprende fazendo, escrevendo, simulando

Experimente as técnicas e observe com quais delas você se adapta melhor. O ideal é combinar duas ou três no seu plano de estudos.

Como incluir a memorização no seu cronograma

Seu plano de estudos deve ter momentos específicos para atividades de memorização. Por exemplo:

  • 15 minutos ao final de cada bloco para revisão ativa
  • 1 hora por semana para flashcards
  • 1 mapa mental por capítulo estudado
  • Revisão semanal usando perguntas e simulados
  • Ensinar o conteúdo para um colega, gravar um vídeo ou explicar para o espelho

Lembre-se: você não precisa memorizar tudo na primeira leitura. O segredo é revisar com método e repetir com inteligência.

Dica bônus: cuide do seu cérebro

Nada disso funciona se você não estiver com a saúde mental e física em dia. A memorização depende de um cérebro bem nutrido, descansado e ativo. Por isso:

  • Durma bem (7 a 8 horas por noite)
  • Faça pausas estratégicas durante os estudos
  • Tenha uma alimentação equilibrada
  • Beba água e evite excesso de cafeína
  • Pratique atividades físicas regularmente

Esses hábitos aumentam sua capacidade de concentração e retenção de informações.

Conclusão: memorizar é treinar, não decorar

A memorização não é um dom, é um processo. E como todo processo, pode ser otimizado com as técnicas certas. O concurseiro que combina método, disciplina e boas ferramentas de memorização tem muito mais chances de ser aprovado.

Comece aplicando uma ou duas técnicas que você viu neste artigo. Depois, vá ajustando conforme sua rotina e resultados. Em pouco tempo, você vai se surpreender com a sua capacidade de lembrar o que estudou.

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